segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Propaganda e Contrapropaganda

Marcelo Mário de Melo

Passadas as eleições, e tomando como referência o Recife, cabem alguns questionamentos sobre estratégia de propaganda, independentemente dos resultados dados e sem a escravização ao raciocínio comodista do “se ganhamos, é porque tudo estava certo e nada mais se deve discutir”.

E por que não admitir a hipótese de que a vitória, mesmo expressiva, poderia ter sido mais ampla? E se nós tivéssemos ido para o segundo turno? É importante ter clareza sobre este aspecto, porque, nem sempre, estaremos em situação de franca superioridade, como agora. E numa situação marcada pela inferioridade ou o equilíbrio de forças, acentua-se a importância de explorarmos ao máximo as potencialidades político-propagandísticas existentes.

Em caso de candidatura a reeleição, é natural que se dê ênfase à necessidade de dar continuidade à gestão, ressaltando as suas ações e propostas de avanço. Assim como, se estamos na oposição, devemos ressaltar a superioridade das nossas propostas. Isto é propaganda.

Mas num caso e noutro, é necessário desmontar a credibilidade das propostas e da imagem publicitária do campo adversário, principalmente, expondo a contradição entre a sua fala e os seus feitos. Isto é contrapropaganda. Aspecto que em nenhum momento deveria ser subestimado, como vem ocorrendo nas campanhas eleitorais nos últimos tempos.

Propaganda e contrapropaganda são como dois pés compondo passos na mesma trajetória e nenhum deles dispensa o outro. Mesmo que se admita a diferença de peso entre eles, em cada circunstância concreta.

Se neglicenciamos a contrapropaganda, é possível que a proposta ou a afirmativa x ou y, vinculada a propaganda adversária, agregue pontos que não lhe seriam tributados, se tivesse sido enfrentada adequadamente e a tempo.Num primeiro turno, isto pode parecer irrelevante. Mas num segundo turno, todas as parcelas são canalizadas para um somatório geral em que resultam só duas forças, dois candidatos.

Como exemplo, a proposta do Compaz, disseminada pelo candidato Raul Henry. Para abalar a sua credibilidade, bastaria apresentar uma notícia de jornal, do ano 2000, onde Raul, como secretário de Jarbas Vasconcelos, ao lado do comandante da PM, anuncia a formação de 332 Núcleos de Segurança Comunitária. Isto, fazendo-se o contraponto com os minguados 32 Núcleos criados nos oito anos das duas gestões jarbistas. Poderia citar dezenas de exemplos como este.

A questão da contrapropaganda foi devidamente equacionada pelo mestre Jean-Marie Domenach no seu livro referencial A Propaganda Política. E sempre será útil recolher os seus ensinamentos. Para que possamos aumentar o volume dos frutos nas nossas colheitas político-propagantísticas.



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