terça-feira, 30 de setembro de 2008

Cuidado com a Tensão Pré-Eleitoral!

Marcelo Mário de Melo

A estas alturas da campanha eleitoral, começam a grassar com mais intensidade, nos comitês da direita, da esquerda e do centro, os sintomas e os efeitos de um distúrbio político-psicológico que ainda não entrou na pauta dos estudos acadêmicos e, muito menos, no território dos consultórios dos profissionais da saúde mental. Trata-se da TPE: a Tensão Pré-Eleitoral, que se manifesta independentemente de hierarquia e área específica de trabalho. Os mais afetados pelo mal, no entanto, são os profissionais da comunicação.

Na proximidade dos debates entre candidatos, com o olho ansioso nas pesquisas “quanti” e “quali”, ante o desejo de ganhar no primeiro turno ou conseguir chegar nele, a contagem regressiva do final de campanha corre o perigo de se transformar em contagem depressiva. Situação em que os neurônios desgastados podem colocar tudo a perder. Numa decisão mal-tomada. Num pequeno detalhe que passou despercebido.

São roteiros de programas rasgados. Dúvidas atrozes sobre manter a campanha no nível “propositivo” ou "partir para o ataque". Fazer ou não fazer uma nova peça publicitária. Tudo isto, em meio às advertências do setor jurídico sobre os “pode-e-não-pode” da legislação eleitoral e os riscos de se dar margem a “direitos-de- resposta” ou outras ações judiciais por parte dos comitês adversários.

Também podem interferir na Taxa Mínima de Equilíbrio Profissional e Político – TMEPP o afloramento de reações mórbidas decorrentes do estresse e segundo a estrutura psicofísica de cada um. São enxaquecas, insônias, prisões-de-ventre, diarréias, dispnéias, subidas de pressão, faltas de apetite, gula. Sem falar no largo espectro dos distúrbios diretamente psicológicos, a exemplo da síndrome de pânico. Isto agravado pelo fato de as pessoas que seguem tratamento, no turbilhão das campanhas, geralmente o relaxarem, perdendo consultas com o terapeuta ou ficando desprovidas dos seus comprimidos habituais.

Para complicar mais ainda a situação, há a interferência nesse caldeirão das questões ligadas às esferas afetivas e libidinais. Promovendo o cruzamento de pessoas e sotaques diversos em convivência diária, extrapolando os expedientes de trabalho normais e vivenciando situações informais, os comitês de campanha são um terreno fértil para fantasias, atrações, paqueras, encantamentos, seduções e paixões possíveis e impossíveis de todo tipo. A roleta amorosa gira durante o jogo eleitoral. E o grau de realização dos diversos jogadores nos seus lances também afeta, com um peso habitualmente subestimado, a TMEPP de cada um.

Que os responsáveis maiores pelas campanhas eleitorais reflitam sobre este aspecto. De minha parte, e numa perspectiva radicalmente de esquerda e socialista, afirmo com a mais absoluta segurança que a luta popular também é afetada pelo que rola no leito copular.
E nada mais tenho a declarar.

Cada um que responda.
Cada um que proponha.
Cada um que proceda.

Apenas constato.
E um fato é um fato.

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