domingo, 21 de setembro de 2008

O Caso João da Costa

As análises em torno da candidatura de João da Costa, num período além do razoável, foram baseadas em formulações abstratas e tangenciadoras dos elementos determinantes que envolvem a disputa eleitoral no Recife. Portanto, vamos a eles.

Primeiro, temos as duas gestões de João Paulo largamente aprovadas pela população, com a sua aprovação pessoal acima delas. Esse elemento foi e continua a ser subestimado pelos palanques oposicionistas à direita, antes reunidos na falecida União por Pernambuco. Eles esgrimem falhas e erros específicos que, mesmo se verdadeiros, não afetam os resultados de conjunto nem anulam os benefícios que o povo pode constatar no seu dia-a-dia.

O quadro das pesquisas, comparando-se as concentrações populacionais de alta e de baixa renda, reproduz a velha polarização que, nas eleições de Arraes para prefeito em 1959 e para governador em 1962, punham no Recife, num lado da balança, o voto da “poeira”, pesando para a esquerda, e do outro, o voto do asfalto, inclinado à direita. O diferencial agora é que a gestão de João Paulo conseguiu a adesão de largos setores da classe média e de fatias do andar de cima.

O apoio do presidente Lula, a nítida identificação entre Lula João e Paulo, a presença do governador Eduardo Campos, constituem o segundo fator determinante. Acrescente-se a isto o arco de alianças composto por 16 partidos, incluindo-se migrantes da União por Pernambuco.E se considere o efeito de arrastão decorrente da difusão da imagem do candidato majoritário nas rinhas em que se desenrolam as campanhas de vereador.

O terceiro fator determinante é o candidato. E aqui a mídia e alguns analistas políticos se enganaram e se surpreenderam. João da Costa foi tratado, inicialmente, como o “poste”, o “afilhado” de João Paulo, o “tímido”, o “antipático”, o “feio”. O programa eleitoral do candidato Raul Henry ainda insiste, num quadro de invulgar vulgaridade, em tratá-lo por “aquele baixinho”. Como se tamanho fosse documento, principalmente, em política.

O fato é que João da Costa recebeu o passe de João Paulo, levantou bem a bola, saiu armando as suas jogadas, afirmou-se diante da torcida e começou a desenhar o seu estilo de jogo. Coisa que nenhum “poste” poderia fazer. E que não teria sido elemento de surpresa, se a mídia e os analistas políticos, em lugar dos raciocínios à base de clichês, tivessem se informado sobre a sua experiência e os seus desempenhos políticos anteriores.

Num breve resumo, lembro que João da Costa atuou como assessor de João Paulo em campanhas e mandatos de vereador e deputado estadual, além da candidatura a prefeito de Jaboatão. Nas campanhas majoritárias, sempre coordenou a elaboração dos programas de governo. Integrou a primeira gestão petista do Recife como secretário do Orçamento Participativo e passou à Secretaria de Planejamento na segunda, nela estando incluído o OP.

Com o apoio de João Paulo foi eleito o deputado estadual mais votado. Suas intervenções nas assembléias do OP e nas plenárias de campanha eleitoral sempre se caracterizaram pela substância, a articulação lógica e a sintonia com o público. O que, no processo político, predomina sobre as aproximações pessoais, território da sua timidez - que, a propósito, foi sendo significativamente superada no decorrer da campanha eleitoral.

Ante estes três fatores determinantes, que se refletem nas pesquisas, altamente favoráveis a João da Costa e apontando para uma solução final no primeiro turno, resta aos palanques adversários colocar o binóculo em falhas reais ou imaginárias da gestão João Paulo, cavar ações judiciais, criar factóides, lançar boatos e peças apócrifas, montar embustes tipo Maria do Socorro [campanha de Cadoca 2004] ou recorrer a outros elementos de ação ilegal e clandestina, como já ocorreu tantas vezes.

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